Troféu Nossa Biboca - Melhores filmes de 2015




Meus amigos cinéfilos! Sei que estou muito atrasado com o prêmio de cinema mais aguardado dos blogs intergalácticos, e que deixei minha meia dúzia de seguidores com uma saudade danada, mas principalmente a falta de tempo de ver filmes foi que me fez adiar tanto essa postagem. Para vocês terem uma ideia, deixei de assistir os clássicos do cinema antigo, que tanto gosto, apenas para me focar nos novos filmes e nas novas tendências da sétima arte, e mesmo assim vou ter que anunciar os melhores de 2015 sem ter visto, por exemplo, o tal húngaro que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro, ou o novo do Apichatpong Weerasethakul, que parece voltar a falar da constante presença de antepassados mortos a nos acompanhar, e também o novo do Charlie Kaufman, uma animação para adultos. Todavia, prometo fazer uma crítica à parte desses três filmes, e sublinhar se eles entrariam ou não na lista dos melhores de 2015. Então vamos lá, o prêmio NOSSA BIBOCA de melhor filme em 2015 vai para:





1º - Que Horas Ela Volta? de Anna Muylaert (Brasil) – Fico tão feliz em ver o cinema nacional no topo dessa lista que até me emociono em escrever, visto que em alguns anos ele sequer ficou entre os dez melhores. Esse filme é de uma importância tremenda, não só pelo atual momento que nosso país atravessa, quando pelo fator histórico-social abordado no roteiro.
A história gira em torno de Val, impecavelmente interpretada por Regina Case, que abandonou a miséria em que vivia no nordeste brasileiro para tentar a vida como empregada doméstica de uma rica família na cidade de São Paulo. Abandonou a filha com alguém de confiança, enviando assim as poucas economias que consegue guardar para o sustento da menina nessa outra região do país.O tempo passa, e a filha cresce junto com o crescimento social que se deu em nosso país nesses últimos 13 anos, e vem a vontade de fazer faculdade, uma oportunidade que sua mãe, sendo de outra época, jamais teria: a de tentar uma vaga em uma universidade pública, (a mais disputada do Estado para arquitetura), em concorrência com os playboys e filhinhos de papai que habitam a classe média alta das grandes capitais desse imenso Brasil mal distribuído.
E o filme é de uma finura, de condução tão poética, que não nos obriga a fazer uma análise política ou social dos acontecimentos em questão, faz a gente se sentir humano, nos coloca na pele e na emoção de cada um dos personagens, principalmente quando a filha da empregada chega para morar na casa da mãe, que também é a casa da patroa, e cuja relação aparenta ser de uma única família com os mesmos laços de sangue; só que não! E aí é que os problemas aparecem, pois aquela servidão, aquela humildade quase submissa que desde o Brasil colônia acabou se tornando regra entre patroas e empregadas domésticas, começa a ser desmistificada com a presença da garota nordestina, com tão ou mais conhecimento das coisas do que o filho da dona de casa, e concorrendo a mesma vaga no ensino público federal. A diretora Muylaert nos presenteia com uma obra sólida, inteligente, com viradas ora dramáticas, ora emotivas. Vale cada segundo.

2º - The Lobster de Yorgos Lanthimos (Reino Unido)
3º - Pelo Malo de Mariana Rondon (Venezuela)
4º - Cinco Graças de Deniz Gamze Erguven (França)
5º - Trumbo de Jay Roach (EUA)
6º - Taxi Teerã de Jafar Panahi (Irã)
7º - O Clube de Pablo Larraín (Chile)
8º - O Regresso de Alejandro Iñarrito (EUA)
9º - Sicario de Denis Villeneuve (Canadá)
10º Body  de Malgorzata Szumowska (Polônia)
11º A história da Eternidade de Camilo Cavalcante (Brasil)
12º  Dheepan de Jacques Audiard (França)
13º Respire de Mélanie Laurent (França)
14º Os Oito Odiados de Quentin Tarantino (EUA)
15º O Conto dos Contos de Matteo Garrone (Itália)

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