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Mostrando postagens de 2021

Os perigos e a explicação de como surgiu e como é financiado um dos movimentos mais perigosos da atualidade, o da Antivacina.

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  Essa semana estreou no Streaming HBO/MAX o documentário “ A Conspiração Antivacina   –( The Rise of the Anti-Vaxx Movemen t)” da premiada diretora Colette Camden, que explica a origem e o crescimento mundial do movimento antivacina.   O filme já se inicia nos apresentando o principal vilão da história, o médico inglês Andrew Wakefield, que em 1998 publicou em uma das revistas científicas mais renomadas do mundo, a Lancet , um estudo que fazia relações entre a vacina tríplice viral ( contra o sarampo, caxumba e rubéola ) e o autismo. Não se sabe até hoje como essa revista foi capaz de publicar tal teoria sem nenhum estudo científico comprovado, e se especula que Walkefield possa ter introduzido tal artigo sem as devidas aprovações do editorial  graças a algum profissional seguidor de suas teorias, visto que o médico já era bem polêmico antes disso. O fato é que, anos mais tarde, foi provado que o estudo era nada mais nada menos do que uma tremenda fraude, pois Wakefield estava por

O inferno está ao nosso redor, não na chefia do executivo.

 Bolsonaro não é o culpado! Ele é um escroto, mas não o culpado. O culpado é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo. O atual presidente sempre defendeu a ditadura e a tortura... Sempre defendeu a sonegação de impostos. Sempre foi racista, homofóbico, xenófobo e preconceituoso. Não tinha plano de governo. Nunca foi sociável, nunca respondeu a uma pergunta, não compareceu a um debate sequer. Ele sempre foi assim, sempre! O verdadeiro culpado é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo que votaram nele. Ele disse sempre que não entendia de economia. Ele sempre chamou índios e quilombolas de vagabundos. Ele sempre falou que, se eleito, índios não teriam um centímetro de terra. Sempre defendeu a caça de animais selvagens e a liberação dos agrotóxicos. Várias vezes demonstrou que não gostava do povo, do povo mesmo. E fez várias manifestações contra os pobres. Defendia abertamente que a mulher deveria receber um salário menor que o do homem. E mesmo assim, a tua parente, a tua vizinha e a

Por que os maiores estúdios de Hollywood como a MGM, a Paramount e a Twenty aceitavam a censura dos nazistas em seus filmes? O livro "O Pacto entre Hollywood e o nazismo te esclarece ponto a ponto.

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  Ao contrário do nosso presidente fascista genocida, o líder nazista e genocida alemão se interessava por arte. Adolf Hitler apreciava pintores do movimento cultural revivalista , e apesar de não ser nada bom, inspirou- se em pintores do renascimento italiano e do neoclassicismo para pintar suas próprias obras. E tem também a famosa história de ser desenhista de cartões postais quando ainda residia na Áustria, que o fez ganhar algum dinheirinho para poder morar em uma pensão onde ainda era um garoto afastado da política e do militarismo. Todavia, o que muita gente não sabe, era que Hitler era cinéfilo! Sim, e na década de 1930, ao tomar o poder e transformar a república em Alemanha nazista, o Führer, mandou construir um cinema particular em sua casa, e religiosamente, todas as noites, pedia a seus gados assessores que lhe trouxessem um filme para assistir, e ao final fazia uma análise rápida da obra, elegendo-a como boa ou ruim. O Historiador Ben Urwand conseguiu acesso privileg

Sam Levinson, além de escrever e dirigir o filme, é produtor junto com seus atores, Zendaya e John David Washington. Malcolm & Marie que está na Netflix, é sobre a D.R de um casal que ficou muito tempo em silêncio.

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 Um casal chegando tarde da noite em casa depois de algum tipo de cerimônia ou comemoração, que de início, não nos fica muito claro sobre do que se tratou. Obvio está que a animação dele supera muito a dela. Ele é um dos personagens que dá nome ao título do filme, é um diretor de cinema novato, que ao que parece acertou a mão no seu mais recente trabalho, e ao chegar, abre um vinho, põe uma música animada e começa a dançar de forma comemorativa ao que passou e especialmente ao que pode estar por vir. Ela é a outra personagem que dá nome ao título filme, é uma atriz e está desempregada, e ao chegar sua expressão é de lamento, ou um misto de decepção e tristeza: abre um pacote de macarrão, o joga na agua fervente e aguarda a primeira advertência do marido para pôr os “pratos limpos sobre a mesa”: Por que eu deveria estar tão feliz como você? Filmado em duas semanas, de forma quase sigilosa, durante a fase mais rigorosa da quarentena, Malcolm & Marie é um filme sobre aquele moment

Com relatos e entrevistas dos próprios Afegãos, Em Nome do Meu Povo é uma aula imprescindível sobre o que se passa naquela região marcada por conflitos.

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O território do Afeganistão sempre foi zona de lutas, conflitos e massacres. Desde o domínio inglês, passando pela tomada do seu território pela União Soviética, até o poder dos talibãs e a invasão estadunidense, o povo perece pela incontrolável violência de quem quer que esteja à frente do seu comando, e o que é pior, não se visualiza uma perspectiva de paz a curto ou médio prazo. Semana passada o Afeganistão voltou a preencher as primeiras páginas dos principais jornais do mundo pela volta do Talibã ao poder, que para demonstrar força e poder, mal esperou que as forças armadas dos EUA se retirassem como haviam prometido ao final desse ano de 2021, e sem muita dificuldade, dominou estrategicamente a maioria dos estados do país, fazendo com que exército estadunidense batesse em retirada como ocorreu ao final da guerra do Vietnam. Muito se fala, muito se noticia. E na intenção de nos sitiar no foco do desespero a que se submete o povo daquela região, o professor, filósofo e documentar

Cinco Esquinas tem como base duas das coisas que mais aparecem ao longo das obras de Llosa: Sexo e Política

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 Ao contrário da contracapa dessa primeira edição do penúltimo livro do Llosa editado pela Alfaguara que se encontra em minhas mãos na foto ao lado, esse texto NÃO contém spoiler ! Sim, o cara que escreveu a sinopse do livro na sua contracapa, com intuito de vender muitas edições, acabou entregando nela coisas que certamente o autor da obra não gostaria que o leitor soubesse logo de cara, todavia, nada que estrague o ótimo roteiro e a prazerosa leitura desse belo romance do escritor peruano premiado pelo Nobel. Lenda viva da nossa literatura latino-americana Mário Vargas Llosa é um biógrafo e romancista com especialidade em política e sexualidade, e em Cinco Esquinas ele mergulha de cabeça na junção desses dois temas para contar uma história de chantagem, onde um milionário empresário peruano do ramo das minerações, casado, famoso e "conservador", é fotografado em uma suruba com um estrangeiro e algumas prostitutas, fazendo sexo de todas as formas que podemos imaginar.

O misterioso Austerlitz é um judeu estudioso da arquitetura e do urbanismo da era capitalista, que através de pesquisas vai de encontro aos terríveis acontecimentos do seu passado.

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Sinto dificuldades em escrever sobre Austerlitz (2001) de W. G. Sebald, e me remeto até suas páginas em um momento em que o personagem principal homônimo relata ao narrador suas dificuldades de colocar no papel aquilo que saí tão espontaneamente de sua cabeça através das palavras.   Austerlitz, ao contrário do que é dito pelo seu personagem, é um livro fácil de se ler, mas que apesar disso pode cansar o leitor pelas extensas descrições de catedrais, ferrovias e fortes, já que Austerlitz é formado em arquitetura com especialização na sua história, então a obra tem como pano de fundo a paisagem arquitetônica capitalista europeia, em especial a francesa e a tcheca, onde o autor traça paralelos com seu passado remoto. Auterlitz é quinto e último romance publicado em vida por Sebald, e acho que só foi publicado por aqui pelo Brasil uns dez anos depois de escrito, e eu só consegui compra-lo agora, dez anos depois de publicado. Então estou com vinte anos de atraso na leitura. Mas não faz m

Para desvendar os significados e os simbolismos velados, para se adentrar na intimidade de duas irmãs sufocadas pelo patriarcalismo e o Racismo: TORTO ARADO

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  Não foi porque o Presidente Lula indicou “Torto Arado” e em seus comentários disse ter “rememorado sua infância no sertão” que comecei a ler o novo Livro de Itamar Viera Junior – na verdade seu primeiro romance – eu já o tinha adquirido desde o ano passado, quando a crítica literária nacional fez um barulho danado com seu lançamento. Depois vieram comentários entusiásticos de amigos e por fim Lula divulgando-o na foto. O que fiz foi somente colocar Torto Arado mais para frente na enorme fila de livros que listei para ler esse ano. E de fato, sua leitura caiu tão bem que pareceu que deu continuidade a um tema que venho dando preferência desde 2020: a escravidão e suas consequências sociais aqui no país. "Torto Arado" se passa na região da Chapada Diamantina e acompanha descendentes de escravizados que continuam com a vida semelhante aos seus antepassados. Trabalham sem receber salário na fazenda de um senhor branco para ter moradia, e mesmo assim são proibidos de construir

Um homem compra um motel e faz buracos no teto dos quartos para observar o que se passa lá dentro. Agora quer publicidade por achar que seus relatos contribuem para o entendimento das modificações dos padrões sexuais na América.

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Gay Talese é um jornalista e escritor muito conceituado nos EUA, formado pela Universidade do Alabama, ele foi por muitos anos colunista do Jornal New York Times e da revista Squire . E assim como Tom Wolf e Truman Capote, Talese foi um dos precursores do chamado Novo Jornalismo , movimento que incorpora ao jornalismo características de literatura, tais como a descrição mais detalhada das cenas e a busca de uma apreensão menos esquemática do caráter dos personagens. Temos aqui no Brasil a revista Piauí , que entre outras, faz esse tipo de jornalismo literário, onde aproxima o leitor aos fatos com uma linguagem menos técnica. Talese sempre mostrou grande interesse na sexualidade humana. E com o intuito de escrever um livro que narrasse as modificações dos padrões sexuais estadunidenses das décadas de 60 e 70, frequentou e depois foi proprietário de uma casa de Swing, cujo "trabalho de campo" gerou a obra “ A mulher do Próximo ”, em que disseca a trama cerrada das relações

Censurado até hoje no Brasil, Marighella de Wagner Moura, é um filme essencial sobre a resistência a ditadura e ao Fascismo.

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    Me senti um verdadeiro exilado ao assistir o primeiro filme dirigido pelo magnifico Wagner Moura. Marighella que estreou no Festival de Cinema de Berlim há mais de dois anos, foi alvo de censura pelo nosso governo federal Fascista, e até então não conseguiu estrear nos cinemas daqui. Aos poucos, e meio que silenciosamente, o filme começa a circular pela internet. O produtor Fernando Meirelles já se manifestou dizendo que “o filme deveria ir para os cinemas por uma semana, e depois ser liberado ao público”. Com estreia nos EUA no final do mês passado, o filme chegou por aqui com legendas em inglês. Então, me senti no cinema de um pais estrangeiro assistindo a um filme brasileiro cuja história e trajetória eu ando acompanhando há muitos anos. O começo do filme já é com emoção de fazer o coração palpitar com vontade: ao som das batidas de Chico Science e Nação Zumbi, o Grupo Ação Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella invade um trem carregado de armamentos e co

Com introdução de sexo explícito e conteúdo ainda mais polêmico, o filme vencedor do Urso de Ouro em Berlim analisa a relação entre indivíduo e sociedade

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Era bastante comum na década dos anos de 1980 (e para alguns até os dias de hoje) ouvir o comentário de que o cinema nacional era só mulher pelada e sacanagem. Nossa, quantas vezes eu, ao indicar um filme nosso, ouvia esse tipo de coisa, de que cinema brasileiro só tinha putaria. Esse estigma, em parte verdadeiro, está relacionado a nossa era da pornochanchada, que mais ou menos na virada da década de 1970 produziu muita obra explorando o erotismo, em especial a beleza do corpo feminino da mulher brasileira. Isso se deu por dois fatores: a ditadura militar, que começou a censurar qualquer tipo de obra com algum conteúdo mais sério, seja ele político, social ou econômico; e também com a nova onda da liberação dos costumes, muito publicitada pelo festival de música de Woodstock e por movimentos políticos nos EUA e Europa. Com produções de baixo custo e roteiros na sua grande maioria simples, o cinema nacional sobreviveu dessa forma, e assim mesmo temos excelentes filmes que hoje são obr

Forte, devastador, mas firme em sua denúncia, "Uma Mulher Extraordinária" expõe as consequências de uma mulher ao tentar ser livre.

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  Narrado em primeira pessoa, direto e reto, o discurso já se inicia quebrando o suspense sobre o que aconteceu com a jovem turca-curda Hatan “Aynur” Surucu, que com 23 anos é assassinada pelo irmão mais novo, com vários tiros a queima roupa. O motivo?   Ter abandonado o marido agressor e ter tentado seguir uma vida aos padrões ocidentais. A voz da vítima (interpretada pela magnífica Almila Bagriacik) já nos remete para seu corpo, coberto por um plástico, em uma imagem real na calçada de uma rua de pouco movimento na Alemanha, onde a jovem deu seu último suspiro de vida. Uma Mulher extraordinária (Nur eine Frau) é a comovente reconstrução do feminicídio ocorrido em Berlim em 2005, e que dominou amplamente os tabloides da época reacendendo a discussão sobre a cultura islâmica passada por gerações em países ocidentais cuja educação se espelha em um fundamentalismo religioso que acaba por transgredir suas legislações (ou no mínimo as garantias fundamentais inerentes a qualquer ser huma

Ativista, Sentimental, Feminista, Sonhadora. Filha de Karl Marx.

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  Nada como o cinema despojado e espontâneo, sem interferência de magnatas dos grandes estúdios, para ser livre em nos contar uma história real. Ao subir os créditos luminosos ao final de Miss Marx , filme da diretora Italiana Susanna Nicchiarelli que estreou no Festival de Veneza no ano passado, nos deslumbramos somente em tentar visualizar como deve ter sido realizado esse trabalho com atores, historiadores e equipe técnica que deram vida a história que se passa logo após a morte do filósofo político Karl Marx: seu legado, e as consequências sofridas pelos familiares mais próximos por todas as ideias, esboços, sementes e loucuras espalhadas pela mesa de trabalho, pelas mentes inquietas e pelo resgate e aprofundamento de seus pensamentos que teriam força de dividir o mundo décadas mais tarde. E para focar o expectador no núcleo desse alvoroço político e cultural, é na figura da filha mais nova de Karl Marx, que vamos adentrar na cinebiografia. Eleanor Marx, chamada pelo pai de Tuss

A premiação máxima de Hollywood antenada nas vozes negras e femininas de uma grande geração de artistas, pela frente e por trás das câmeras

Hoje a noite acontece a mais famosa premiação da sétima arte no mundo. Longe de ser a mais justa ou com as melhores produções, é sem dúvida a mais glamorosa e a mais assistida, e a única exibida, mesmo que parcialmente, ao vivo por um canal aberto no nosso país. Todavia, e principalmente para aqueles que veem o cinema apenas como entretenimento, ficar sintonizado nos indicados e vencedores dessa 93° edição do OSCAR é fundamental, pois estão em voga as grandes produções hollywoodianas do ano que atualmente podem ser apreciadas pelos streamings disponíveis aqui no Brasil, na sua esmagadora maioria. Esse ano a cerimônia conta com dois fatores interessantes, é a primeira vez que duas mulheres concorrem na categoria de melhor direção (Chloé Zhao  por Nomadland e Emerald Fennell  por Bela Vingança), e a quantidade e qualidade das produções feitas por negros com temáticas sobre o racismo jamais foi tão alta. Dito isso, tentarei ser o mais breve possível nas análises para que o texto não fi

Notturno não é um filme de guerra; é sobre a vida de vários indivíduos por ela devastados e que não sabem se amanhã estarão vivos.

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Se Eric Hobsbawm estivesse entre nós provavelmente usaria o Brasil atual como tema de seu livro, cujo título poderia ser “Brasil – A Era do Genocídio”. Jamais poderíamos imaginar o que estamos vivenciando. Somos vistos no exterior como um povo digno de pena liderado por um psicopata genocida. A visão que o mundo lá fora tem de nós em termos de compaixão, é a mesma que tínhamos ao ligar o noticiário daqui e nos depararmos com as vítimas do terremoto no Haiti, onde 300 mil pessoas foram enterradas sem nenhuma condição cerimonial em 2010. Ou mesmo o tsunami da indonésia, em que víamos filas quilométricas de gente passando fome, e mais de 220 mil vítimas fatais. Mas essas em razão da força da natureza. Aqui, pelos números proporcionais a outras nações, em razão de um genocídio sem precedentes articulado pelo governo, que na figura do nosso repulsivo presidente da república, já havia dado entrevista anos antes dizendo que “somente um número muito elevado de mortes, daria jeito na nação”. H

O Incêndio na Boate Collective em Bucareste é apenas a ponta de um Iceberg que irá afundar todo o governo federal da Romênia.

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  Já faz alguns anos que o cinema romeno vem com o objetivo de denunciar descasos e corrupções de seu governo, em geral mostrando as trágicas consequências que esses atos trazem para a população. Collective , que concorre a dois Oscar esse ano (melhor documentário e melhor filme estrangeiro), é um alerta assustador das proporções que podem tomar uma adulteração em um desinfetante hospitalar para a obtenção de lucros pessoais a políticos e empresários. A primeira cena do filme, é assustadora, aterrorizante, e totalmente real. Aqui no Brasil vivenciamos isso na Boate Kiss, na Cidade da Santa Maria/RS. Um show de Rock dentro de um ambiente fechado, ao fim de uma música são acesos fogos de artifício com efeitos pirotécnicos, o vocalista da banda olha para o teto da boate e alerta: “Olha, parece que temos um pequeno incêndio, esse fogo aí em cima não faz parte dos nossos efeitos especiais”. Em menos de 10 segundos o fogo já se espalhou por todos os lados, gritos de desespero e horror são

Canção Sem Nome é o retrato de um passado de dor e atraso do nosso continente, que supostamente foi deixado para trás com a derrubada das ditaduras.

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  De todos os horrores implementados pelas ditaduras militares na América Latina, um que ainda tem suas feridas abertas de forma bem contundente é o sequestro de crianças -   filhos dos opositores mortos em guerrilhas ou em salas de tortura - ou mesmo daquelas famílias muito humildes que não tinham recursos ou possibilidades de erguerem suas vozes na tentativa de recuperar seus bebês, retirados dos braços da mãe ainda no berçário. É sobre essa última condição que “Canção sem Nome” aborda a questão. Baseados em eventos verídicos, acontecidos durante os anos de chumbo peruano no final dos anos de 1980, o roteiro nos mostra o drama da jovem índia Georgina, muito pobre, que vende batatas em uma feira livre para tirar seu sustento. Grávida e sem recursos para uma clínica particular ou qualquer ajuda profissional para o parto de seu bebê, ela escuta um anúncio na rádio comunitária local de uma clínica gratuita exclusiva para mulheres grávidas. Após o dia de trabalho, Georgina vai até a clí

A exploração do passado e do presente quando três homens se adentram em uma floresta mítica em busca de um futuro sólido.

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  Estamos diante do novo filme do maior diretor de cinema da história das Filipinas, o que não é pouco, visto que o pais tem uma imensa tradição cinematográfica com nomes importantes como Lino Brocka, cujo currículo carrega mais de 40 filmes; e o grandessíssimo Brillante Mendoza que em 2009 levou a Palma de Ouro de Melhor Direção no Festival de Cannes e tem filmes majestosos em sua carreira.   Mas o que faz de Lav Diaz o nome mais importante do cinema em seu pais? Para começar Lav Diaz não faz filmes, ele compõe trilhas, produz, fotografa, monta e dirige verdadeiras obras de arte para cinéfilos. Seus filmes são feitos em preto e branco, com tomadas longas, atores poucos conhecidos (ou até amadores) e com duração que ultrapassa fácil três horas de exibição. Portanto, são filmes para ser vistos de preferência em cinemas, o que normalmente acontece em Festivais e Mostras cujo público fiel é o do amante inveterado da sétima arte. Dito isso, vamos falar de “ Lahi, Hayop ”, traduzido aqu

Com narrativas fortes, eficazes e elegantes, duas estreias da Netflix nesse mês são sobre perdas, tentativas e esperança.

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  Não conseguir ter ou perder um filho logo após o parto. Esses dois sentimentos que podem modificar a vida dos casais, com reflexos e consequências semelhantes, são explorados em dois lançamentos da Netflix A empolgação do casal diante da gravidez, a felicidade de ver o feto se desenvolvendo no útero materno a cada visita ao médico, ou a esperança da notícia de estar grávida ao final de todas as tentativa de fertilização em clínicas cada vez mais caras, e sempre com estresse emocional nas coletas ou nas investidas naturais de se ter o bebê. “Pieces of a Woman” e “Quando a Vida Acontece (Was Wir Wollten)” vão te levar ao fundo de todos essas esperanças e desconsolos. Dos filmes que destacaram na premiação do Oscar de 2020, foi o de Sam Mendes que mais me chamou a atenção, “1917” parece feito em tomada única, da primeira à última cena de filme fica a impressão de que o diretor de fotografia ligou a câmera e não desligou mais até a entrada dos créditos. Claro que houve cortes e que f

Nós Duas (Deux) é um drama romântico inclinado para o suspense sobre uma paixão não convencional.

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 Nina e Madeleine são duas mulheres vizinhas, de meia idade, que aos olhares de toda a sociedade e da família são apenas colegas que se veem na entrada e saída do mesmo edifício em que residem. Porém elas são namoradas, e mais que isso, apaixonadas uma pela outra. Com essa introdução, fica parecendo que estamos diante de um filme romântico. Mas não, logo na primeira cena o diretor italiano Filippo Meneghetti , que faz sua estreia no cinema, nos mostra uma cena confusa onde duas menininhas brincam de pique esconde, e uma delas desaparece enquanto a outra a grita sem parar pelo seu nome. Apesar dessa cena não seguir adiante, esse prólogo funciona perfeitamente como um fio condutor dos acontecimentos que seguirão as personagens ao longo do filme. Aparentemente o roteiro começa simples, uma união que tem tudo para dar certo, exceto por um pequeno obstáculo: a venda de um imóvel, para que elas possam se mudar para Roma e viverem o restante de suas vidas juntas. Mas para isso será neces

O inferno está vazio, os demônios estão todos aqui.

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 Representante de Georgia na seleção de filmes que podem concorrer ao Oscar desse ano na categoria de melhor em língua estrangeira, Beginning provavelmente será o filme mais polêmico apresentado ao festival. Exibido na première de Cannes e vencedor de todos os prêmios principais em Toronto, Beginning está sendo cobiçado pelos mais importantes festivais internacionais, e já está na lista nos de Nova Iorque e San Sebastian. Mas o que fez com que um filme Georgiano, de estreia de uma jovem diretora em longas metragens, virasse item cultuado pela crítica especializada internacional? Com tomadas excessivamente longas, a história se inicia dentro de um salão de reunião de um grupo de Testemunhas de Jeová, com três crianças sendo colocadas de castigo de frente para a parede, e com o início do culto em que o pastor começa a explicar os motivos de Deus ter pedido a Abraão que sacrificasse seu filho Isaque. Com apenas oito minutos de reunião um grupo extremista abre a porta do salão e atir

Uma atriz com queimaduras reais interpreta uma jovem vítima da fúria do ex-namorado, em Deus Sujo.

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 A história de vida de Vicky Knight, atriz de Deus Sujo , é ainda mais triste do que a da sua personagem no filme. Quando tinha apenas oito anos de idade, Vick morava debaixo do PUB de seu avô, e de madrugada, alguém colocou fogo no local. Ao ser acordada por uma prima que gritava por socorro, ela tentou escapar pela janela, que estava trancada por fora. Além de perder dois primos nesse incêndio, a pequena Vick Knight sofreu graves queimaduras em 33% do corpo, e até hoje guarda as cicatrizes. Aos 18 anos a atriz divulgou um vídeo de 5 minutos em que suas cicatrizes eram mostradas bem de perto, e viralizou mundialmente. Com esse pequeno "sucesso" Vick obteve contatos de alguns diretores de filmes e programas, mas já na primeira aparição televisiva se sentiu humilhada em um programa do tipo “ namoro na TV ”, e novamente ficou reclusa. Foi somente 4 anos após postar o vídeo que ela recebeu o roteiro para fazer um filme em que protagonizaria uma mulher deformada em consequênc