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Mostrando postagens de maio, 2021

Censurado até hoje no Brasil, Marighella de Wagner Moura, é um filme essencial sobre a resistência a ditadura e ao Fascismo.

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    Me senti um verdadeiro exilado ao assistir o primeiro filme dirigido pelo magnifico Wagner Moura. Marighella que estreou no Festival de Cinema de Berlim há mais de dois anos, foi alvo de censura pelo nosso governo federal Fascista, e até então não conseguiu estrear nos cinemas daqui. Aos poucos, e meio que silenciosamente, o filme começa a circular pela internet. O produtor Fernando Meirelles já se manifestou dizendo que “o filme deveria ir para os cinemas por uma semana, e depois ser liberado ao público”. Com estreia nos EUA no final do mês passado, o filme chegou por aqui com legendas em inglês. Então, me senti no cinema de um pais estrangeiro assistindo a um filme brasileiro cuja história e trajetória eu ando acompanhando há muitos anos. O começo do filme já é com emoção de fazer o coração palpitar com vontade: ao som das batidas de Chico Science e Nação Zumbi, o Grupo Ação Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella invade um trem carregado de armamentos e co

Com introdução de sexo explícito e conteúdo ainda mais polêmico, o filme vencedor do Urso de Ouro em Berlim analisa a relação entre indivíduo e sociedade

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Era bastante comum na década dos anos de 1980 (e para alguns até os dias de hoje) ouvir o comentário de que o cinema nacional era só mulher pelada e sacanagem. Nossa, quantas vezes eu, ao indicar um filme nosso, ouvia esse tipo de coisa, de que cinema brasileiro só tinha putaria. Esse estigma, em parte verdadeiro, está relacionado a nossa era da pornochanchada, que mais ou menos na virada da década de 1970 produziu muita obra explorando o erotismo, em especial a beleza do corpo feminino da mulher brasileira. Isso se deu por dois fatores: a ditadura militar, que começou a censurar qualquer tipo de obra com algum conteúdo mais sério, seja ele político, social ou econômico; e também com a nova onda da liberação dos costumes, muito publicitada pelo festival de música de Woodstock e por movimentos políticos nos EUA e Europa. Com produções de baixo custo e roteiros na sua grande maioria simples, o cinema nacional sobreviveu dessa forma, e assim mesmo temos excelentes filmes que hoje são obr

Forte, devastador, mas firme em sua denúncia, "Uma Mulher Extraordinária" expõe as consequências de uma mulher ao tentar ser livre.

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  Narrado em primeira pessoa, direto e reto, o discurso já se inicia quebrando o suspense sobre o que aconteceu com a jovem turca-curda Hatan “Aynur” Surucu, que com 23 anos é assassinada pelo irmão mais novo, com vários tiros a queima roupa. O motivo?   Ter abandonado o marido agressor e ter tentado seguir uma vida aos padrões ocidentais. A voz da vítima (interpretada pela magnífica Almila Bagriacik) já nos remete para seu corpo, coberto por um plástico, em uma imagem real na calçada de uma rua de pouco movimento na Alemanha, onde a jovem deu seu último suspiro de vida. Uma Mulher extraordinária (Nur eine Frau) é a comovente reconstrução do feminicídio ocorrido em Berlim em 2005, e que dominou amplamente os tabloides da época reacendendo a discussão sobre a cultura islâmica passada por gerações em países ocidentais cuja educação se espelha em um fundamentalismo religioso que acaba por transgredir suas legislações (ou no mínimo as garantias fundamentais inerentes a qualquer ser huma

Ativista, Sentimental, Feminista, Sonhadora. Filha de Karl Marx.

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  Nada como o cinema despojado e espontâneo, sem interferência de magnatas dos grandes estúdios, para ser livre em nos contar uma história real. Ao subir os créditos luminosos ao final de Miss Marx , filme da diretora Italiana Susanna Nicchiarelli que estreou no Festival de Veneza no ano passado, nos deslumbramos somente em tentar visualizar como deve ter sido realizado esse trabalho com atores, historiadores e equipe técnica que deram vida a história que se passa logo após a morte do filósofo político Karl Marx: seu legado, e as consequências sofridas pelos familiares mais próximos por todas as ideias, esboços, sementes e loucuras espalhadas pela mesa de trabalho, pelas mentes inquietas e pelo resgate e aprofundamento de seus pensamentos que teriam força de dividir o mundo décadas mais tarde. E para focar o expectador no núcleo desse alvoroço político e cultural, é na figura da filha mais nova de Karl Marx, que vamos adentrar na cinebiografia. Eleanor Marx, chamada pelo pai de Tuss