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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

Nós Duas (Deux) é um drama romântico inclinado para o suspense sobre uma paixão não convencional.

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 Nina e Madeleine são duas mulheres vizinhas, de meia idade, que aos olhares de toda a sociedade e da família são apenas colegas que se veem na entrada e saída do mesmo edifício em que residem. Porém elas são namoradas, e mais que isso, apaixonadas uma pela outra. Com essa introdução, fica parecendo que estamos diante de um filme romântico. Mas não, logo na primeira cena o diretor italiano Filippo Meneghetti , que faz sua estreia no cinema, nos mostra uma cena confusa onde duas menininhas brincam de pique esconde, e uma delas desaparece enquanto a outra a grita sem parar pelo seu nome. Apesar dessa cena não seguir adiante, esse prólogo funciona perfeitamente como um fio condutor dos acontecimentos que seguirão as personagens ao longo do filme. Aparentemente o roteiro começa simples, uma união que tem tudo para dar certo, exceto por um pequeno obstáculo: a venda de um imóvel, para que elas possam se mudar para Roma e viverem o restante de suas vidas juntas. Mas para isso será neces

O inferno está vazio, os demônios estão todos aqui.

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 Representante de Georgia na seleção de filmes que podem concorrer ao Oscar desse ano na categoria de melhor em língua estrangeira, Beginning provavelmente será o filme mais polêmico apresentado ao festival. Exibido na première de Cannes e vencedor de todos os prêmios principais em Toronto, Beginning está sendo cobiçado pelos mais importantes festivais internacionais, e já está na lista nos de Nova Iorque e San Sebastian. Mas o que fez com que um filme Georgiano, de estreia de uma jovem diretora em longas metragens, virasse item cultuado pela crítica especializada internacional? Com tomadas excessivamente longas, a história se inicia dentro de um salão de reunião de um grupo de Testemunhas de Jeová, com três crianças sendo colocadas de castigo de frente para a parede, e com o início do culto em que o pastor começa a explicar os motivos de Deus ter pedido a Abraão que sacrificasse seu filho Isaque. Com apenas oito minutos de reunião um grupo extremista abre a porta do salão e atir

Uma atriz com queimaduras reais interpreta uma jovem vítima da fúria do ex-namorado, em Deus Sujo.

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 A história de vida de Vicky Knight, atriz de Deus Sujo , é ainda mais triste do que a da sua personagem no filme. Quando tinha apenas oito anos de idade, Vick morava debaixo do PUB de seu avô, e de madrugada, alguém colocou fogo no local. Ao ser acordada por uma prima que gritava por socorro, ela tentou escapar pela janela, que estava trancada por fora. Além de perder dois primos nesse incêndio, a pequena Vick Knight sofreu graves queimaduras em 33% do corpo, e até hoje guarda as cicatrizes. Aos 18 anos a atriz divulgou um vídeo de 5 minutos em que suas cicatrizes eram mostradas bem de perto, e viralizou mundialmente. Com esse pequeno "sucesso" Vick obteve contatos de alguns diretores de filmes e programas, mas já na primeira aparição televisiva se sentiu humilhada em um programa do tipo “ namoro na TV ”, e novamente ficou reclusa. Foi somente 4 anos após postar o vídeo que ela recebeu o roteiro para fazer um filme em que protagonizaria uma mulher deformada em consequênc

Uma gama de distintas vozes de contemporâneos escritores negros nos falam sobre a morte em "Terras de Palavras"

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  Existe um ditado entre leitores que diz assim: Não é você que escolhe o livro que vai ler, é o livro que te escolhe . Obviamente isso não acontece com todos eles, as vezes a gente cisma com algum livro e vai até o inferno atrás. Foi o que aconteceu com “ Os Escândalos de Clochemerle ”, só porque eu li em uma entrevista antiga do Jorge Amado que esse livro era um dos melhores da sua vida, que saí procurando por sebos e só fui encontrar no site do Estante Virtual (é um livro bem legal, mas não é isso tudo que o nosso escritor comunista Itabuense proclamou na entrevista). Todavia, tem vezes que realmente o livro é que te escolhe. Estava eu lendo o “Águas de Barrela” – que diga-se de passagem foi um livro que também me escolheu – quando uma professora interrompeu minha concentração para dizer que conheceu a autora Eliane Alves Cruz em uma palestra sobre escritores negros brasileiros, e que já havia comprado o novo romance dela, mas que esse que eu estava lendo ela ainda não tinha. Com

Vencedor do Prêmio Louis Delluc 2020 de melhor filme de estréia, "JOSEP" é a história real de um cartunista detido em um campo de concentração.

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Antes de mais nada, preciso informar aos fãs de cinema que me acompanham por aqui, que até o dia 15 de fevereiro, o My French Film Festival está liberado gratuitamente, com ótimos filmes legendados em português. Eu só fiquei sabendo ontem disso, e é claro, estou louco aqui tentando ver os melhores, pois são 29 produções, entre longas e curtas, na sua grande maioria inéditos aqui no Brasil.   Vocês podem ver todos os filmes diretamente pelo site myfrenchfilmfestival.com , ou pelo streaming parceiro www.belasartesalacarte.com.br . O Amazon Prime , por onde estou assistindo, também está com toda a programação, todavia, não há no aplicativo um link para o festival, nesse caso, vocês têm que ir na ferramenta de busca e digitar o filme que desejam assistir. Josep é um dos filmes em exibição no My French Film Festival. O filme, que é uma animação, nos conta, de forma poética e não muito linear, a verdadeira história de um grupo de republicamos que fogem da ditadura fascista de Franco, n

Do navio negreiro ao preconceito cotidiano, o primeiro livro de Eliane Alves Cruz traça o caminho de seus antepassados.

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 O livro tem capa de romance e título de romance, mas ao abri-lo e começar a folheá-lo já se nota que é uma biografia com árvore genealógica e fotos verdadeiras dos ascendentes da autora, a carioca Eliana Alves Cruz, Jornalista, formada em Comunicação social. A história se inicia com o aniversário de 100 anos da avó da escritora, umas das muitas personagens principais do livro, que narraram e ouviram as memórias de seus antecedentes desde a captura de Akin Shangokunle e Ewa Oluwa em terras africanas, a travessia no navio negreiro, suas vendas a colonos brancos aqui em terras brasileiras, até os dias de hoje, das lutas e problemas diários que acabam se entrelaçando com a história do nosso País. A oralidade sempre foi o principal aliado da resistência negra no Brasil. Proibidos de frequentar escola, de se alfabetizarem e sempre reprendidos em dar continuidade nas suas culturas de origens, a rica história dos povos afro-brasileiros se manteve viva através da memória de gerações que pas