
Falar em Abel Ferrara é falar um pouco do cinema independente
estadunidense; nunca preocupado com sua reputação de cineasta dentro de
grandes
estúdios, Ferrara é aquele aluno que senta na última cadeira da sala de
aula e
tem como companhia os excluídos, aqueles "maus elementos", os malditos
que vira e mexe estão caminhando na contra mão das tendências
hollywoodianas. O diretor frequentemente é visto com Christopher
Walken, Joe Cortese, Harvey Keitel, David Caruso, Annabella Sciorra,
Paul
Calderon, Asia Argento, Willem Dafoe, e cia, sendo esse último seu
principal
aliado nas atuações de seus filmes. “Go Go Tales” é uma bela metáfora ao
cinema
rebelde, cuja referência está no clube de striper
Paradise Lounge de Ray Ruby,
um local hoje pouco frequentado, com dívidas trabalhistas, máquinas com defeito
e alugueres atrasados. Ray (Dafoe) dá o nome e a alma pelo estabelecimento, investe
e suborna, aposta e sonha em algo que já ficou esquecido no passado. O
pouco do dinheiro que ainda sobra é usado no jogo, na tentativa de que do
acerto na loto possa estar o investimento que acha necessário para a recuperação
da casa. O diretor de fotografia faz um passeio de quase duas horas pelo
interior de uma boate onde existem talentos individuais sem visibilidade, nessa
fábula autodepreciativa que indiretamente expõe um dos problemas da sétima arte
na atualidade: a preferência do público ao borrão. Apesar de ter sido filmado pelo renomado diretor norte americano Abel Ferrara, o filme não teve seus direitos comprados nos Estados Unidos, não sendo exibido em nenhum de seus cinemas, exceto numa mostra em NY intitulada
"Abel Ferrara no século XXI" . O longa, sem muita explicação,
foi excluído da competição no Festival de Cannes, e foi exibido no festival internacional de cinema de Montreal. Nota 7,5


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