Trampolim Defunto (by Gian)



Nem a imprensa mais otimista poderia esperar um presente tão grande. Tudo agora no caminho certo, a PIG - Partido da Imprensa Golpista (Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado e Grupo Abril)  há muito não se sentia tão bem no cenário pré-eleitoral brasileiro, afinal, e pela primeira vez em muitos anos, alguém passa o PT nas pesquisas para o cargo maior do nosso poder executivo (pelo menos em nível de um possível segundo turno). Foram tantas as tentativas infrutíferas, tantas invenções, tanto golpe baixo que não alterava quase nada nas intenções de voto que foi preciso um acidente, uma esperança vinda da tragédia, para que os olhares se voltassem para figura da vez: Marina Silva!

A derrota de Dilma era buscada de toda a forma pela atuação da vanguarda midiática oposicionista, que diariamente e sem interrupção bombardeava os meios de comunicação com “fatos” sobre o “Mensalão”, o “Deus da Justiça Joaquim Barbosa”, o “Apagão na Energia”, a “Compra da Refinaria”, o “Fim do Plano Real”, a “Festa Cívica do Povo nas Ruas”, o “Vexame da Copa do Mundo”, a “Desindustrialização”. No fundo nada disso importava, até porque versões piores de tudo isso ocorria nos Estados e cidades governados por representantes partidários do então candidato adotado por essa mesma imprensa farsante, o tucano Aécio Neves. Ou será que vocês acreditam mesmo que essa mesma mídia que sempre apoiou a ditadura, o Collor e os piores políticos que já nos representou, de uma hora pra outra se virou de preocupações com a moral pública, com o emprego dos trabalhadores ou a renda dos pobres? E que de agora em diante querem fazer um bom jornalismo?

Então, agora, a notícia da vez em qualquer manchete de jornal é  Fenomenal Marina “Spider” Silva! A nova força e surpresa que se volta “contra esse Estado que o PT se apropriou”. E não é que a candidata se encaixou na carapuça? Já começou com mesmo discurso neoliberal dos então candidatos apoiados e ovacionados pela PIG: "Temos que superar isso que se chama bolivarianismo”. E se pôs como a "terceira opção “que veio nos salvar da polarização PSDB/PT”, operação essa já muito conhecida mundialmente, quando uma nova leva de neoliberais precisavam dar uma dose de moderação nas ações ultraconservadoras de políticos como Margareth Thatcher e de Ronald Reagan e vinham como uma terceira solução milagrosa e alternativa da direita: Bill Clinton, Tony Blair, Bush e outros crápulas do cenário internacional. O próprio Fernando Henrique queria ser essa terceira opção aqui, mas diante do fracasso do Collor teve que vestir a fantasia da Thatcher e fazer o jogo mais pesado do neoliberalismo: privatizações, abertura dos mercados, Estado mínimo, precarização do trabalho. Marina vem com discurso de mudança, mas já chega de rabo muito preso, mesma equipe econômica ortodoxamente neoliberal – Andre Lara Resende, Neca Setubal, Eduardo Gianetti da Fonseca -, independência do Banco Central, e etc...o mesmo tipo de equipe dos tucanos – da mesma estirpe de Arminio Fraga -, e as mesmas posições políticas. Essa mesma equipe disfarçada e esse velho discurso sobre a apropriação do Estado pelo PT não deixa dúvidas que traz no seu bojo um duro ajuste fiscal, tendo as políticas sociais e a massa da população como suas vítimas. Marina se afirma assim como uma farsante, que afirma distância da polarização do PT e do PSDB, mas substitui a este, decadente, na polarização, com teses e equipes iguais. Sem contar com o fator preconceito, atraído por uma convicção religiosa  intolerante que impede uma estruturação capaz de propiciar políticas de melhorias a uma minoria que ainda luta por uma mínima dignidade de direitos no campo religioso e sexual.

Marina, depois do acidente que matou Eduardo Campos, vem dar novo fôlego pra direita brasileira, neoliberal como sempre foi de Collor a Fernando Henrique, chegando como o novo estepe dos neoliberais, e se Deus quiser, prestes a sofrer uma nova e deliciosa derrota!

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