Por que os maiores estúdios de Hollywood como a MGM, a Paramount e a Twenty aceitavam a censura dos nazistas em seus filmes? O livro "O Pacto entre Hollywood e o nazismo te esclarece ponto a ponto.

 


Ao contrário do nosso presidente fascista genocida, o líder nazista e genocida alemão se interessava por arte. Adolf Hitler apreciava pintores do movimento cultural revivalista, e apesar de não ser nada bom, inspirou- se em pintores do renascimento italiano e do neoclassicismo para pintar suas próprias obras. E tem também a famosa história de ser desenhista de cartões postais quando ainda residia na Áustria, que o fez ganhar algum dinheirinho para poder morar em uma pensão onde ainda era um garoto afastado da política e do militarismo.

Todavia, o que muita gente não sabe, era que Hitler era cinéfilo! Sim, e na década de 1930, ao tomar o poder e transformar a república em Alemanha nazista, o Führer, mandou construir um cinema particular em sua casa, e religiosamente, todas as noites, pedia a seus gados assessores que lhe trouxessem um filme para assistir, e ao final fazia uma análise rápida da obra, elegendo-a como boa ou ruim.

O Historiador Ben Urwand conseguiu acesso privilegiado a uma enorme documentação nunca antes divulgada para escrever o livro “O Pacto entre Hollywood e o Nazismo”, em que relata detalhadamente as consequências dessa paixão de Hiltler pelo cinema, tanto para a propaganda nazista, quanto para a censura de filmes dentro e fora dos territórios ocupados pelos alemães.

O livro é dividido em partes, mas não é linear, o autor viaja pelos anos do Poder Nazista para explicar de modo didático como os maiores estúdios de cinema estadunidense da época colaboraram de forma direta com o nazismo e obedeciam de forma fiel a todos os pedidos de cortes e até mesmo de parar as filmagens de produções que de forma direta ou indireta criticavam o nazismo ou até mesmo defendiam os judeus.

Ao assistir filmes vindos dos EUA Hitler percebeu que a imagem em movimento poderia ser muito mais valiosa do que panfletos, faixas ou cartazes de propaganda. O líder nazista notou então que seus discursos poderiam atingir um público muito maior do que aquele que o seu partido conseguia reunir na Odeonsplatz ou onde mais seus palanques fossem montados. E conseguiu visualizar também que a melhor propaganda para aliciar indecisos ou contrários a sua ideologia, era a propaganda que não era propaganda, ou seja, inserir em filmes mensagens ideológicas que chegassem em forma de entretenimento.  

Ao visualizar isso, Hitler deu o primeiro passo, que era exatamente coibir que propagandas antinazista pudessem circular em seus país. Como a Alemanha era o segundo maior consumidor do mundo de filmes estadunidense, a censura nazista começou a boicotar filmes que pudessem de alguma forma criticar as ideias defendidas pelo Führer. E o filme Nada de Novo no Front foi o primeiro a entrar na lista negra da censura nazista, pelo simples fato de mostrar a jovens estudantes que a ir à guerra era suicídio, e não valia a pena se matar por uma guerra que não era a sua.

O mais interessante no livro, e não vou contar os detalhes aqui, era que os estúdios americanos abaixavam a cabeça e fazias todos os cortes que os nazistas mandavam. Houve uma vez em que o roteiro original de um filme foi tão depenado, que a história ficou sem sentido algum.

Outro ponto estarrecedor foi a proibição dada pelos nazistas do uso da palavra “Judeu” nos filmes. Em um roteiro escrito por ninguém menos que F. Scott Fitzgerald, a frase “eu sou judeu” teve que ser cortada de um importante diálogo, e mesmo assim, por fazer muita referência a judeus perseguidos, o filme foi adiado por vários anos, até que Alfred Hitchcock assumiu a produção em 1940, tratava-se de “O Correspondente Estrangeiro”.

O Livro de Ben Urwand vai interessar a todos os leitores atentos as limitações e censuras impostas em regimes totalitários, mas principalmente a cinéfilos, ou estudantes dos horrores do nazismo e a perseguição aos judeus – esse último assunto o livro dedica quase um capítulo inteiro, analisando brilhantemente o fato das proibições serem acatadas pelos donos de estúdio em sua grande maioria  Judeus. Vale a leitura!!

 

Nota 7,5

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