Tarantino e o Velho Oeste (by Gian)
Gostaria muito de encontrar alguém que tenha acabado de sair
de uma sessão de “Django”, e que nunca tenha ouvido falar de Tarantino, e que
entrou no cinema apenas porque é fã de faroeste e achou o pôster do filme
maneiro. Queria muito uma opinião assim, leiga, sem influências ou ideologias.
Pois quem vai pra ver Tarantino vê Tarantino, encontra o que procura, está lá
todo seu estilo visceral, sarcástico, debochado, cru, violento e acima de tudo
memorável. Três horas sem tirar de dentro com um roteiro originalíssimo
assinado pelo mestre Quentin, onde nada é previsível e o gênero nunca se
define: ora estamos diante de uma comédia, ora diante de um drama e várias
vezes em um spaguetti-western italiano
dos anos setenta.
Serei breve, e não pretendo com esse texto contar nada do
que se passa no filme, quem faz o que ou como as coisas acontecem, vá e veja. E
mais “Django” deve ser visto no cinema, é um filme feito para cinema.
O tema principal do filme é o racismo e a escravidão, e é
desse núcleo que Tarantino constrói uma história bem feira sobre vingança,
rendição, amizade, orgulho e amor. É o filme menos experimental do diretor,
menos ousado. Tarantino elaborou um grande roteiro e fincou os pés no chão para
seguir um caminho seguro e sem margens para erros. Não temos aqui aqueles saltos
temporais característicos dele, e os retornos ao passado (nas poucas vezes que
ocorrem) são apenas explicativos, voltando a ser linear com começo, meio e fim,
nessa ordem. E é esse o ponto que pareceu faltar na obra. Gosto da ousadia que
impressiona, que faz os conservadores saírem do cinema revoltados. E apesar das
três horas do filme prenderem o expectador na cadeira, acho que se diminuísse
pelo menos uns trinta minutos, o resultado ficaria perfeito.
Quem não conhece o diretor e vai ao cinema ver um faroeste, esbarrará
em violência crua, visual, sangrenta e explícita, mas tudo bem explicadinho
para que nada fique mal interpretado.
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