Tudo por um Oscar (by Gian)



Quando terminei de assistir às duas horas e meia de “Lincoln” eu não pude acreditar que todo esse tempo não me acrescentou praticamente nada em minha formação cultural, no máximo me confirmaram algumas coisas já batidas, como por exemplo, Daniel Day-Lewis é hoje um dos maiores atores vivo do cinema mundial, e que já está mais que na hora de Sally Field se aposentar. E a coisa que ficou mais clara que água cristalina é que Steven Spilberg fez o filme com um único objetivo em mente: Ganhar o Oscar. E seu público que se lixe.

Em todas as grandes produções dirigidas por ele, incluo aqui até aquelas com temas mais delicados como o holocausto em “A Lista de Schindler”, o atentado terrorista em “Munique” ou mesmo a rebelião dos escravos a bordo do “La Amistad”, Spilberg sempre conseguiu emocionar em algumas cenas, prendendo seu público com um roteiro acessível e quase sempre repleto de sentimentalismo e emoção.

Aqui não. Em “Lincoln” temos um filme técnico, com um roteiro que parece ter o freio de mão puxado; que até pode agradar aqueles mais interessados na história dos EUA ou os estudiosos de direito constitucional, mas que de nenhuma maneira vai prender o bumbum do grande público (inclusive os dos estadunidenses, que querem que se dane sua própria história) nos cinemas ou mesmo no sofá de casa.

Por outro lado “Lincoln” é um filme grandioso, a fotografia é deslumbrante, magnífica, Tommy Lee Jones está no melhor momento de sua longuíssima carreira e Spilberg consegue extrair o máximo dele, e apesar de Day-Lewis roubar todas as cenas, é com Tommy Lee que nos afeiçoamos mais, em alguns poucos momentos em que podemos nos afeiçoar com alguma coisa.


O filme gira em torno da Luta de Abrahan Lincoln em aprovar a 13ª Emenda, que iria formalmente abolir a escravidão e consequentemente poderia dar um fim na guerra civil do país. De guerra mesmo só temos o primeiro minuto do filme, os outros 149 minutos é político, mostrando as dificuldades de se governar quando se tem uma oposição conservadora e burra (nesse ponto o roteiro faz lembra um país bem conhecido nosso em um momento bem atual) e a luta do presidente em conseguir convencer a maioria congressista a provar a tal emenda constitucional, na famosa e antiga briga entre democratas e republicanos.

Spilberg faz aquele desfile da Beija-flor, bem feito pra caramba, mas sem muita empolgação. Um filme sem emoção que concorre a doze estatuetas no Oscar de 2013, e que no mínimo vai levar pra casa a de Ator, trilha sonora e fotografia.

E Lincoln coitado, que era para estar feliz lá no céu, pois em 2012 dois filmes levaram seu nome, deve estar chateado, um é bobo demais e o outro é tão sério que fica cansativo.

Nota 7,0

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