
A guerra da síria pode produzir
situações surreais só comparadas as comunidades do Rio de Janeiro, onde o
cidadão tem sua residência fixada exatamente no meio do fogo cruzado, no ponto
exato onde duas facções criminosas se confrontam para a tomada do poder, ou
onde a própria polícia encontra posição para uma melhor troca de tiros. E no
encalço do problema, o direito à proteção da propriedade privada visto mundialmente
como fundamental e garantido sem distinção a todos os cidadãos, é abandonado e
agredido, gerando as piores consequências. O diretor belga Philippe Van Leeuw
escolheu o caminho da metáfora ao filmar duas famílias enclausuradas dentro de
um apartamento no meio do fogo cruzado para mostrar a real situação da
fragilidade do povo sírio diante do atual conflito: as dificuldades de se
refugiar, a impossibilidade da proteção aos incapazes, as violações aos
direitos mais básicos do ser humano, e o desespero de não saber se a pessoa
querida voltará a ser vista com vida. O roteiro se passa inteiramente dentro de
um apartamento em um período aproximado de vinte e quatro horas: a tensão e a
dor filmada em sequencias prolongadas sem cortes situam o espectador dentro do
horror da guerra.
Um apartamento que já
foi lar, passou a ser trincheira de defesa. Vencedor do Prêmio do Público no Festival de Berlim 2017. Concorreu a cinco prêmios no Festival
Internacional de Cinema de Cairo, incluindo melhor filme, diretor e roteiro.
Venceu na categoria melhor ator coadjuvante para Raouf Ben Amor e melhor atriz
para Diamand Bou Abboud.
Nota 8,0
Parece ser interessante. Ótima análise do filma.
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