O Incêndio na Boate Collective em Bucareste é apenas a ponta de um Iceberg que irá afundar todo o governo federal da Romênia.

 


Já faz alguns anos que o cinema romeno vem com o objetivo de denunciar descasos e corrupções de seu governo, em geral mostrando as trágicas consequências que esses atos trazem para a população. Collective, que concorre a dois Oscar esse ano (melhor documentário e melhor filme estrangeiro), é um alerta assustador das proporções que podem tomar uma adulteração em um desinfetante hospitalar para a obtenção de lucros pessoais a políticos e empresários.

A primeira cena do filme, é assustadora, aterrorizante, e totalmente real. Aqui no Brasil vivenciamos isso na Boate Kiss, na Cidade da Santa Maria/RS. Um show de Rock dentro de um ambiente fechado, ao fim de uma música são acesos fogos de artifício com efeitos pirotécnicos, o vocalista da banda olha para o teto da boate e alerta: “Olha, parece que temos um pequeno incêndio, esse fogo aí em cima não faz parte dos nossos efeitos especiais”. Em menos de 10 segundos o fogo já se espalhou por todos os lados, gritos de desespero e horror são ouvidos, a fumaça toma conta e a Câmera não capta mais a tragédia.  Morreram no local e nos dias seguintes 27 pessoas, número muito inferior ao da nossa Boate Kiss, que contabilizou 242 óbitos. Porém, o problema da tragédia romena, se deu também nos hospitais para os que tiveram queimaduras não fatais.

Várias pessoas ficaram internadas nos hospitais da cidade, com lesões medias, leves ou graves, mas sem correr riscos de morte. Contudo, trinta e sete dessas pessoas morreram. Essa é a parte intrigante da história, e onde o diretor Alexander Nanau vai se focar e se juntar aos jornalistas de um periódico esportivo, que se incumbiram não só de informar os acontecimentos, mas de fazer uma investigação profunda que culminou na derrubada do governo.

O objeto de toda essa ação está na luta do jornalista Catalin Tolontan, que se adentra com todas as forças na investigação e denuncia da máfia que está por trás da diluição e venda dos produtos químicos que deveriam ajudar na desinfecção dos hospitais. E a partir das publicações das provas documentais que começam a aparecer, que o principal articulador do esquema, ou seja, o dono da empresa que adultera e distribui os produtos aos órgãos governamentais que fazem vista grossa as falsificações, é encontrado morto em um suspeito acidente de carro (qualquer semelhança com a morte do Adriano Nóbrega como queima de arquivo para esconder o mandante do assassinato da vereadora Marielle é mera coincidência).

É com esse enredo que parece ficcional, que o filme conta com riquíssimo material investigativo, onde o diretor teve total acesso a todos os elementos dos jornalistas envolvidos, tais como imagens de reuniões, depoimentos de testemunhas, peritos, denunciantes e parentes de vítimas fatais. Imperdível para todos aqueles que tem prazer em ver documentários de investigação jornalística séria.

Nota 8,0

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