Prós e contras de uma eleição marcada por preconceito e ignorância (by Gian)

Agora, finalmente, já posso abrir em paz minha caixa de e-mails.
Não vou mais me deparar com calúnias e mentiras vinda de gente que gosto. Pessoas tornam-se ignorantes em momentos de ódio. Agora volto a ler mensagens eletrônicas de todos, sem excluir as de ninguém.
Paz e amor na Internet.
Última também esta mensagem sobre política eleitoral. A partir daqui volto-me às postagens sobre comportamento, cultura, vida e sucrilhos kelloggs.

Afinal, quem perdeu e quem ganhou de toda a caça às bruxas da campanha eleitoral?

Os homossexuais, sem dúvida, sofreram a maior derrota na caminhada de seus direitos civis desde a formulação da nossa Constituição de 1988. A direita, liderada por José Serra e Geraldo Alkmin, proclamando as doutrinas ultrapassadas e preconceituosas da igreja católica e, principalmente, da evangélica, calaram a boca de todo e qualquer candidato que apoiasse qualquer idéia de união estável, adoção de menores, ou qualquer ato de igualdade familiar entre pessoas do mesmo sexo.
Infelizmente, muitas vezes as Igrejas servem aos propósitos reacionários. Os mais velhos lembram da "marcha com Deus pela democracia", das beatas, a favor da ditadura militar. Mais tarde, houve a pressão imensa da Igreja católica contra a Lei do Divórcio, impedindo, durante muito tempo, a união civil de desquitados.
E a direita pega as "deixas" e persegue, na luta pelos votos dos mais incultos.
Aliás, perseguir é mesmo a técnica da direita. Um dia, se não houver mais o que perseguir, fará os destros perseguirem os canhotos.
Felizmente, nem tudo parece perdido. Chico Alencar, com expressiva votação, puxou com ele o Deputado Federal Jean Wyllys, cuja proposta é abrir caminho para a conquista de direitos básicos para a classe GBLT, já que a intolerância religiosa sempre foi obstáculo árduo a ser ultrapassado nessa luta.

As mulheres também sofreram fortes derrotas. A campanha mentirosa do aborto, feita principalmente pela mídia, fez calar um tema de absoluta importância no debate da redução da mortalidade de mulheres do nosso país. Ninguém jamais falou em liberar o aborto. Todavia, a campanha tomou um rumo de não se poder discutir nem mesmo o procedimento correto com gestantes em risco de morte.
Contudo, o pior mesmo, foi toda a rede de mentiras montada pelos maiores meios de comunicação para apoiar o candidato Serra. Alias, nem foi o pior. Pior mesmo foi o fato de que pessoas de boa índole, e até mesmo inteligentes, acreditaram em muitas das farsas armadas pelas propagandas veiculadas. O bom disso foi que perderam. Vimos que o poder de escolha finalmente mudou de mãos.

Muitas igrejas saíram ganhando. Nunca se viu tantos pastores safados aparecerem tanto, influenciarem tantos. Nunca se viu tantos bispos reacionários irem ao Papa (esse Papa, não sei não...) solicitando pronunciamento de rejeição a candidatos cujas linhas de pensamento foram distorcidas pela mídia. E o Papa, prontamente, acedeu. O mesmo Papa que nunca fez um pronunciamento com congratulações ao Brasil, por ser hoje o primeiro país do mundo no "ranking" do combate à pobreza.

O nome de Jesus foi usado, na maioria das vezes, para pedir votos justamente para aquele que faz o contrário do que Jesus pregava, ou seja, uma justa distribuição de renda. Aliás, parte da igreja sempre fez tudo ao contrário do que sua doutrina reza. Seria demais querer agora que eles se posicionassem certo. Afinal, João XXIII já não existe e foi um só.
A cada dia que passa mais ateu vou ficando, graças a Deus. Ateu, pelo menos, em relação ao "deus" dessa cambada. Meu Deus é outríssimo.

As discussões sobre política me mostraram o quanto as pessoas não acompanham o que acontece com esse nosso imenso Brasil: gente que fala que foi o mais pobre que se ferrou com o Governo Lula; gente que fala que qualquer um que estivesse lá faria melhor que Lula; gente que diz que Veja e Globo foram imparciais nessa campanha.
Não dá pra discutir com essa gente, não é? Discutir música com quem acredita que Lupicínio Rodrigues fundou os Beatles? É inviável. Fiquei calado, ao menos poupo saliva.

E agora, para concluir, vem a notícia de que uma estagiária de Direito, de São Paulo, "soltou os cachorros", na Internet, revoltada com a vitória de Dilma. Ela tem medo que 2012, nem aconteça". Ou seja, Dilma pode acabar com o Brasil e, quiçá, com o
mundo. A inteligente culpa os nordestinos pela vitória de Dilma e conclui seus vômitos raivosos com a frase: "Façam um favor a São Paulo: todos os dias matem um nordestino afogado".
Dá para acreditar? Claro que dá. É coisa de preconceito, é coisa de
arrogância, é coisa de... direita. Desse lodo saiu uma boa coisa: a fulaninha foi demitida, sumariamente, do escritório em que trabalhava e está sendo iniciado um processo contra ela por preconceito e incitação à violência.

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