Há se não fosse o amor (By Gian)
O drama aqui é sobre traição, infidelidade conjugal. Não!
Voltemos. O drama em questão é sobre o amor, o amor descoberto tarde demais, tão
tarde que agora é proibido, tem que ser curtido às pressas e em segredo. Não, não,
comecemos de novo! O drama em questão é para sofrer junto daquele que
deixa de ser amado e que aos poucos começa a ser abandonado(a) pelo parceiro(a)
dentro da sua casa, do seu casamento.
É nesse vai e vem que
se desenrola “Que Mais Posso querer”, o novo longa de Silvio Soldini (Pão e
Rosas). O filme é simples, e fala do simples: pessoas se apaixonam, trepam,
sorriem, sofrem, fazem outros sofrerem e a vida se segue. E esse é um dos méritos
do filme, não há desculpas baratas, mentiras sem nexo ou explicações psicológicas
para a traição. Aqui os casais não estão em crise. É a vida de duas pessoas casadas e
sem grandes problemas, com bons empregos e relacionamentos, e que pularam a
cerca atrás do sexo, se apaixonando.
Ao contrário de outros filmes sobre o tema, Soldini nos da
uma visão clara e imparcial sobre cinco personagens, dois adúlteros, dois traídos
e um amigo que descobre o romance proibido. Mas a vivência de cada um na
história é tão complexa que dificulta uma abordagem crítica do expectador.
Mesmo aqueles que abominam a traição, vão se render ao amor sincero dos cúmplices; e
aqueles adeptos ao amor livre vão questionar a ingratidão de se deixar uma mãe
sozinha em casa com os filhos ou um marido gente boa, que faz tudo para agradar
a esposa que ama.
O roteiro é franco e a história não se utiliza apenas dos diálogos
para se manter, o filme é todo construído através de imagens de uma Itália que
pode ser linda ou feia, dependendo do sentimento vivido por quem lá está.
Mas o que Soldini quis passar para o público? Que somos eternos insatisfeitos mesmo tendo
alguém que nos ama ao nosso lado? Ou por outro ângulo, não adianta amarmos e
sermos fieis a uma pessoa, pois de uma hora para outra podemos perder tudo isso
por um começo de paquera?
Na verdade, não
sei até agora se gostei ou não do filme. Vá e veja!
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