Fugindo dos Nossos Fantasmas



Não sei se eu que estou exigente demais ou se os filmes de terror de hoje não estão mais tão assustadores como os de antigamente. Pode ser também a tendência da idade ir atenuando nosso sensor de medo e nada mais assustar como antes fazia. Só sei que  hoje em dia é raro aparecer alguma coisa que preste do gênero, as refilmagens são ruins, os enredos clichês e tudo parece um enlatado de imitações sem inovações. Então
quando vejo algum filme de terror atual e bom, me da uma vontade danada de gritar bem alto: ATÉ QUE ENFIM PORRA!

Foi o que aconteceu com “Corrente do Mal (It Follows)”, filme feito com baixo orçamento, atores pouco conhecidos e uma boa idéia na cabeça. Assim como a AIDS, aqui o Mal vem através da penetração. Só por essa premissa o filme já trás uma carga de questionamento ético que faz embalar um roteiro cheio de suspense e escolhas morais.
O longa se inicia com uma garota amedrontada fugindo pelas ruas de sua pequena cidade, correndo sem destino, e não solicitando ajuda de parentes, vizinhos ou amigos. Na cena seguinte ela já aparece brutalmente assassinada na praia. Depois entra o famoso clichê de todos filmes de horror adolescente, um casal transando no interior de um carro em uma rua escura e deserta, todavia aqui a cena pertinente, pois vai nos ajudar a compreender a trama principal do filme: alguém tem o Mal e só deixa de ter se o passar para frente, através do sexo. Ao transar você para de ser perseguido por espíritos assassinos e passa pra aquele que transou. A metáfora ao dilema moral de contaminar ou não os pares, aquele que gosta ou que tem tesão por você, confere ao filme uma carga a mais que se completa com um bom suspense e com uma boa trilha sonora, e é claro, como todo bom terror, um final que pede uma continuidade.
Nota 8,5

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