Mortensen + Alonso = Cinema de Qualidade



O cinema argentino me surpreende a cada dia, a cada filme. Sinto-me obrigado a ficar sintonizado o máximo que posso com as novas produções e os novos nomes que saem do país vizinho. Jauja é uma produção que envolve vários países, inclusive o Brasil, mas é sob as mãos criativas do cineasta Hermano Lisandro Alonso que o longa é embalado, e suas opções e parcerias são no mínimo curiosas: Um pop Star pra ser o principal nome do filme - Viggo Mortensen (que também assina a trilha sonora), um diretor de fotografia finlandês - Timo Salminem, e um roteiro originalíssimo vindo da literatura fantástica Argentina onde de imediato não sintonizamos data nem local dos acontecimentos em questão.

 O filme começa com Mortensen conversando com a filha sobre coisas cotidianas, ambos encostados um ao outro num cenário lindíssimo que indica ser a Patagônia. Antes disso, o filme se abre com um texto, explicando que Jauja é um lugar mitológico que as pessoas acreditam existir, mas todos que o procuram se perdem pelo caminho e não mais retornam.
A partir daí o cineasta Argentino não nos entrega mais nada de bandeja, e o desenvolvimento do longa se concentra basicamente no pai à procura da filha que foge com um de seus soldados por um deserto desconhecido e cheio de mistérios.
A história parece simples, pode lembrar até um faroeste com um pano de fundo um pouco diferente, todavia, da metade pra frente, vemos que estamos diante de uma obra complexa onde sonho, realidade, passado, presente e futuro aparecem meio que combinados, entrelaçados por mundos com realidades diferentes. E o resultado é bonito, enigmático e surreal. Mortensen está perfeito na pele de um Capitão que bravamente sai por um mundo desconhecido à procura da filha, e acaba vendo que o seu desconhecimento vai muito além da geografia local.

Nota 9,0

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