Novos Ares, Consequências Incertas



Toda pessoa casada – ou que namore há bastante tempo – quando sente o relacionamento esfriar, ou mais especificamente, quando percebe que a “cama está ficando morna” e não quer trair o parceiro, senta pra conversar. Eis uma atitude honesta: reconhecer o declínio e tentar mudanças de melhoria. Do diálogo entre os pombinhos que caíram na mesmice podem advir muitas surpresas, ideias e tentativas de solução, e a mais comum de todas é a abertura a novas experiências sexuais, outros fetiches; partilhar fantasias que até então ficavam presas em um compartimento seguro do cérebro e que só eram liberadas nas solitárias masturbações no chuveiro ou em frente a um monitor de computador. Dependendo da receptividade das indiretas jogadas ao acaso, a primeira ideia que vem, principalmente dos homens, é por mais alguém na relação,e de preferência uma mulher mais jovem, bonita e que toparia participar de um ménage à trois sem frescuras. As consequências disso podem ser a mais variadas, para o bem ou para o mal do casal, ou para o bem somente de uma ou duas das três partes envolvidas. E acho que foi isso que o diretor de O Uivo da Gaita quis dizer no seu filme.

 Parece que o jovem diretor Bruno Safadi, apesar do seu sobrenome, não tinha em mente somente safadeza ao realizar essa película de um pouco mais de uma hora de duração (um dos méritos do filme é ser pequeno). No roteiro, um casal que parece  saturado da rotina,  querendo mudanças paisagísticas, amorosas e sexuais. Tudo isso é explicado com imagens, tomadas longas e pouquíssimos diálogos, e a não linearidade dos acontecimentos deixa claro que a proposta foi bem aceita, a chegada de uma outra mulher atiça a sexualidade do casal. Contudo, quando um presente é dado para duas pessoas, uma delas acaba gostando mais que a outra, e isso pode trazer a dor, principalmente se o presente também tem sentimentos. A fotografia é bonita, mas o filme se arrasta por ela, e a câmera para por tempo exagerado em uma árvore, ou no mar, ou em qualquer paisagem que lembre a tranqüilidade e a sensação de bem estar que a natureza transmite. E a história não tem um ponto de apoio para que esse tipo de riqueza visual dê seguimento aos acontecimentos e as cenas eróticas. O longa se vale muita mais da beleza e do talento das atrizes do que de qualquer outro artifício pra manter o público até o final da exibição. Poderia ser um curta metragem de 20 minutos, no máximo.
Nota 5,0

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