A Morte de Stalin
Poucos estadistas tiveram sua vida tão biografada quanto
Stalin, mas a morte do líder soviético ainda está longe de ter um consenso entre
os historiadores. Todavia, sem a pretensão
de tomar partido sobre a polêmica da causa mortis, o diretor e roteirista britânico
Armando Ianucci lança um olhar cômico sobre as consequências dessa “tragédia” para
os camaradas mais próximos ao ditador, e a todos aqueles que de alguma forma
tem que lidar pessoalmente com corpo de Stalin, de forma voluntária ou não. E o
roteiro se sustenta nas discussões e decisões que devem ser tomadas dali em
diante sem a presença daquele que impunha suas vontades a preço de morte daqueles
que as discordassem. O pesado jogo do poder ditatorial é atenuado não para fins
políticos, mas para o deleite dos espectadores na degustação de cenas onde os
poderosos se deparam com situações surreais, mas não inverossímeis, em que a
cúpula do poder tem que conseguir alinhar postura autoritária com o que ainda lhes resta de humanidade para
tentar transparecer que ainda existe punhos firmes para dirigir o maior país do
mundo. Destaque para soberba atuação de Steve Buscemi no papel de Nikita
Khruschev, secretário-geral do Partido Comunista, cuja dificílima missão é
interpretar um personagem tenso que a todo custo tenta aliviar as pressões
daqueles que já sabem que que o cargo mais cobiçado da Europa oriental está vago
e deve ser ocupado com o máximo de urgência. Proibido de ser exibido nos
cinemas da Rússia, e com momentos que podem incomodar aos socialistas mais
radicais, o filme é um ótimo passatempo de humor negro. Foi indicado ao BAFTA
nas categorias de melhor filme e roteiro adaptado. Nota 8.0
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