Pela Janela
Rosália é uma sexagenária que trabalha há trinta anos em uma
pequena empresa de São Paulo. O dono, que começara com um pequeno trabalho de
montagem de peças eletrônicas, conseguira ampliar o negócio a ponto de poder
manter algumas dezenas de funcionários que, manualmente, montam fusíveis e
outros artefatos descomplicados. A rotina do microcomércio é modificada a
partir da sua fusão com uma empresa maior, momento em que Rosália é dispensada
da noite para o dia. Sem emprego, com a rotina de três décadas quebradas, a
depressão começa a querer das as caras, e a tentativa de consolo vem do irmão
mais velho, que deve entregar um carro em Buenos Aires e a convida para acompanha-lo.
A partir daí estamos diante de um Road Movie onde a personagem principal começa
a viver pequenos prazeres que até semana anterior era improvável, pela carga
horária exigida no seu emprego. Cada vento no rosto, cada contato com pessoas diferentes
e cada visita a algum ponto turístico, acontece como se fosse uma nova experiência
espiritual. E a economia de palavras, de linguagem, de comunicação verbal, não
se dá apenas por Rosália não dominar o idioma do país vizinho, e sim porque de
uma hora para outra ela aprendeu a exteriorizar os sentimentos muito mais pelo
olhar do que pelas palavras. Estreia segura da cineasta brasileira Caroline
Leone, que transmite de forma simples o retrato amável de dois personagens que
apesar de já terem vivido uma vida inteira, ainda descobrem a poesia em
pequenos gestos. Vencedor do Panorama Internacional Coisa de Cinema na
categoria Melhor Filme, e do 12º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro nas
categorias de Melhor atriz pra Magali Biff, Melhor ator coadjuvante para Cacá
Amaral e Melhor Som. Nota 80
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