Que menininha mais fofa (By Gian)


Quem curte cinema somente por diversão quer das duas uma: ou um bom roteiro, seja ele de qualquer gênero, ou ação frenética, limitando aqui gêneros tipo aventura, policial e faroeste.
Certos filmes não precisam de nada disso para ser bom, bastam ter uma proposta diferente ou ousada, desde que ao seu término satisfaça o espectador naquilo que prometeu. O terceiro longa do diretor espanhol Achero Manas promete muito e não faz nada.

"Tudo que quiseres" é um filme que tenta, pelo menos na sinopse, te passar um roteiro original, mas que não se mantém por muito tempo ao assistirmos, beirando ao absurdo.
Um homem normal, com seus problemas familiares normais sofre o baque da morte repentina da esposa e fica incumbido de cuidar da filhinha de quatro anos que não aceita a perda; alias, vale aqui uma ressalva, o filme só se mantém até a morte da mulher (que até comove com a solidão do sentimento de perda infantil no parquinho da praça). Depois disso nada se firma num roteiro lotado de furos e absurdo. Explico: a criança quer uma mãe, uma presença feminina, e até procura essa proteção nas possíveis namoradas do pai, explicitando isso ao máximo. O pai não quer nada com outra mulher, pois ainda sofre a perda, até aí tudo bem. Mas de repente, e do nada, a filha pede para o pai se vestir de mulher - e depois de pouca conversa - o cara se pinta e passa a ser a mãe pelo resto do filme. O ridículo não está na atitude, que poderia até ser camuflada pelo momento de dor em que ambos passam, e sim na forma como o roteiro faz tal transição, não há aqui uma preparação psicológica, não há um pátrio poder racional, não nos da uma explicação razoável. O cara vira travesti e acabou. Daí pra frente o filme cai no clichê de mostrar que o preconceito do machão heterossexual pode se voltar contra ele em algum momento da sua vida. Mas não se iluda, não há aqui uma denúncia a homofobia ou da reivindicação homossexual, tudo acontece a Deus dará, cuja proposta deu margem a uma história sem nexo.
O projeto é Pobre, os personagens mal construídos, a história é ruim e pra piorar, nos momentos tristes entra um som de rock and Roll.  O resultado é frustrante. Manas se aventurou por uma estrada difícil que dirigir: homossexualismo, velhice, dor e perda. E se perdeu. Mas a menina é uma graça! Coisinha linda.

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