
Em mundo cada vez mais intolerante, o novo filme do diretor
finlandês Aki Kaurismäki, se encaixa como uma luva na perspectiva que o próprio
título já indica, a esperança. E nada mais prático para revelar o lado bom e
ruim do ser humano do que na perspectiva de um estrangeiro em um país cujas
tradições e costumes divergem muito do seu. O filme é construído por
estrangeiros, um iraquiano, um sírio, e várias nacionalidades distintas
espalhadas em bicos de trabalho, como músicos de rua ou de restaurantes,
garçons e pedintes. O personagem principal é um sírio que saí do seu país após ter
perdido quase toda a família ao ter sua residência atingida por um míssil, no
qual ele não sabe se foi lançado pelos EUA, Rússia, Rebeldes ou Estado
islâmico. A guerra que não é dele, o obrigou a sair do pais em que nasceu para
tentar refúgio em um país onde será visto como problema, como um imigrante
sem documentos que pode ser um terrorista; ou um problema para a economia local,
um desconhecido com um possível passado obscuro. Kaurismäki revela a
contrapartida da esperança, e de forma direta nos mostra a intolerância habitual
dos neofascistas de extrema direita, a insensibilidade dos burocratas, a perseguição
infinita da polícia aos imigrantes, e a angústia de não poder
ser reconhecido como um ser humano livre. O filme tem uma bela trilha sonora e ganhou
o Urso de Prata em Berlim no ano passado, além do prêmio de melhor direção no Festival
de San Sebastián. Nota 8,5
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