Copo (by Cristiane)

Beber, se permitir embriagar-se, no silêncio, só. Pois só assim não devo desconfiar de sua ausência. É preciso apressar-me para levar mais líquido ao copo antes do enjoo. Do copo aos lábios, da boca ao corpo, à mente. Estou só, sem ser vigiada, posso estar nua ou não, suja ou não, viajada. Um só gole, contudo grande e quente. Cara vermelha, pupilas dilatadas, é outro no espelho que me olha? Ando, a cada passo tremor para baixo como se houvesse um peso no occipital. Pontadas. Dor com ruído, como se empurrassem o cérebro, e pior se sento, como se o cérebro caísse pra fora, como se fosse empurrado pra frente, ou os olhos estivessem por sair de órbitas.
Claridade, manhã chegando, o sol, como todos os dias, essa porra de ordem estabelecida, noite, madrugada, dia.
Por sorte tenho sono, vou adormecer e o resto fica, o vento sopra.E vou continuar amando.

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