Corte (by Cristiane)

Deu nesses programas vespertinos de fofoca e inutilidades da vida prática que “Toda Mulher Ama Salão de Beleza”. Falam “toda” com uma certeza que nem Deus duvidaria.
Tirem-me desse “toda”, não gosto de salão, faço o que tenho que fazer em casa. Somente na hora do corte de cabelo é que tenho que procurar algum profissional, pois não sei fazer sozinha. E chegando lá sento sem paciência na cadeira de espera, nem pego revistas, pois já sei que são sobre intrigas de celebridades ou então um tradicional exemplar da “Veja”, colocada ali para pessoas burras que acreditam que naquelas páginas tendenciosas sejam ditas verdades políticas sobre o nosso país e governo. Melhor seriam se usadas na limpeza da privada ou no coco de algum bicho de estimação.
Pronto, sou atendida, sento-me no trono, e ouço “quem pintou seu cabelo assim?” Não respondo, deixo a indignada cabeleireira sem resposta, que puxa e sacode de cada lado das minhas orelhas mechas de cabelos semimolhados que serão cortados independente do modo ou da cor que usei ao pintá-los. “Você tem cabelos bonitos e fortes, pelo menos isso né? Vai dar pra fazer alguma coisa legal aqui”. Devo interpretar uma frase dessa como ofensa ou elogio? Devo responder algo? Obrigada, é o que digo.
Depois de muita esfregação, cortes e penteados sou finalmente liberada para sair do trono e seguir minha vida. Antes tenho que pagar e jurar fidelidade à cabeleireira: Sim Adorei Fiquei Linda Mesmo Tem Razão Rejuvenesceu-me Uns Cinco Anos Pelo Menos É Claro Que Voltarei Obrigada Por Tudo.
Não contem pra ninguém, odeio salão de beleza.

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